quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Maria-Menina-Mulher

Era uma vez uma menina chamada Maria  muito observadora e atenta,essa menina frequentava o que hoje chamamos jardim infantil,mas naquela altura  chamavam-lhe a casa do Parque.
Todos os dias a menina por volta das 6h30m lá estava sentada junto ao grande portão cheio de heras com o saco para reforçar o lanche e com montinhos de pedras que se ia entretendo até vir a cozinheira.
A cozinheira era a primeira funcionária a chegar para pôr a cozinha a funcionar.
Dona Rita assim se chamava a cozinheira,era gordinha a sua pele muito branca mas as suas bochechas estavam sempre rosadinhas,era muito meiga para todas as crianças.
Quando me via dizia sempre:-Olha a ajudante já cá está como sempre.
Depois dava-lhe a mão e lá ia-mos pelo caminho acima.
Adorava ver a D.Rita a cortar as couve,as cenouras  etc...A uma certa hora fazia uma paragem para tomar café e uma enorme fatia de pão,para mim havia leite com café e pão com marmelada,com eu a  adorava.
Quando começavam a vir as monitores lá ia-mos para sala aprender,o recreio era enorme mas não podíamos ir para certos espaços, no entanto lembro que havia um dia que ia lá uma Senhora e vestiam -nos un bibe cor de rosa às meninas e azuis aos rapazes,podíamos brincar por todo o lado e os cavalinhos de pau que eu costumava espreitar guardados numa sala, vieram para o pátio,nesse dia havia bolos e o almoço era mais refinado,embora para mim a D.Rita fosse a melhor cozinheira do Mundo.
Maria cresceu e entrou para a 1ªclasse,da parte da manhã era tudo igual só que depois de almoço atravessava o jardim sozinha para ir para a Escola Primária na rua do Possolo depois ia para casa  de uma patroa que gostava de ficar com Maria(a minha mamã) uma senhora das senhoras onde a mãe trabalhava, ou ia ter à Sampaio Bruno e aí Maria confessa que tinha muito medo,por causa das histórias que ouvia contar.Às vezes Maria perdia-se nas horas ao atravessar o jardim havia um largo redondo tapete de relva e eu adorava passá-lo a pente fino,pois as educadoras tinham levado lá todas as crianças e todas tinham achado chocolates e rebuçados,agora todos os dias para apanhar ,Maria confessa que ainda apanhou uns três,mas depois bem podia dizer as palavras mágicas que nem umzinho voltou a comer dali que estranho.
Outra coisa me fazia muita impressão e até causava mesmo medo era quando tinha que ir ter com a mãe à Sampaio Bruno,a mãe de Maria avisava sempre para não ir com ninguém, mesmo que dissesse que os pais tinham mandado,e outra coisa importante se me prometesse bonecas para eu dizer que não queria.
Um dia passava Maria pela ruela da agência portuguesa de revistas,e um homem chamou Maria,assim que ouviu falar em boneca,Maria correu com toda a força que tinha e só parou junto da mãe.
Também tinha muito medo de ir para casa sozinha,na escola diziam que a terra girava e Maria tinha um medo terrível de chegar a casa e ela não estar lá.
Maria achava que dentro da telefonia havia alguém assim como na TV.
Havia muita inocência nesta Maria mas também muita pureza ,o tempo foi passando e Maria foi aprendendo à sua custa, tudo o que fez dela uma mulher.