domingo, 19 de setembro de 2010

História de uma Vida



2ºcapitulo

..Foram vezes sem conta as que perguntei, porque não podia ir visitar a minha mamã,e o qualquer dia da resposta que me davam, nunca veio.
No meio de tantas perguntas fui crescendo, como amigos tinha o Pedrito, um boneco que tinha sido o meu pai que comprou para enfeitar a cama e depois eu "herdei" e ainda hoje o guardo depois tinha a Maria Flauzina e o Zé Caracol,bonecos todos em plástico e que ainda "respiram",brinquedos isso era coisa que não tinha mas inventava brincadeiras com latas de sardinhas ,fazia balanças, as pedrinhas eram os pesos a terra era café´assim como ser açucar as folhas de plantas compridas eram peixes espada, enfim imaginação não faltava, era feliz nas brincadeiras, mas não gostava de ir à escola, pois apanhava muito da professora, os trabalhos iam sempre por fazer, porque a minha mãe achava que na escola é que se trabalhava em casa era para ajudar e dormir(e ela não podia ajudar ,não sabia ler).
Havia uma colega que por fim tentava ajudar antes das aulas iniciarem, então eu saia um pouco mais cedo do Parque das Necessidades ia ter com a colega Luxo e depois lá íamos para o externato que começava às 14h.
Com dez anos mudei de casa e fiquei triste pois ali, sempre tinha um quintal e podia brincar um pouco num prédio tudo isso iria acabar.
A partir daí comecei a não conseguir ter sucesso nos estudos pois com a mãe fora de casa todo o dia eu quando chegava das aulas tinha que fazer os trabalhos que a mãe tinha destinado, tinha que fazer tudo o mais perfeito porque senão apanhava tareia, desde me puxar pelos cabelos, até com facas me chegou a atirar.Não sei se seria do cansaço,mas eram escassos ou nenhuns os momentos de ternura entre nós e por vezes para eu chorar mais pois magoava-me bastante dizia que eu não era filha dela que tinha sido trocada na maternidade.
Não compreendia muito bem o porquê de tanta raiva contra mim, só porque não fazia bem as coisas ou porque esquecia outras, não compreendia muito bem porque é que havia mães de meninos a levá-los à escola ou a ir buscá-los e a mim os meus pais não tinham tempo,não compreendia o porque de a minha mãe ralhar comigo e dizer que eu era um estorvo quando estávamos na paragem do autocarro e o pica dizia :"só à um lugar" o único que me dispensava algum carinho e que me ensinou o caminho para a escola do ciclo preparatório foi o o meu pai e também não gostava nada que a minha mãe me batesse.
No Verão de 1980 os meus pais permitiram que frequenta-se uma colónia de férias pela igreja 15 dias em Peniche, eu nem queria acreditar, achei que a minha mãe devia estar doente ou com febre, ainda hoje recordo essas férias e outras ao Minho Que falarei noutro episódio
Com doze anos a mãe começou a trabalhar numa firma de noite e aos sábados continuava com algumas patroas eu estava mais crescidita, cada vez com mais encargos,tentava fazer tudo na perfeição, mas claro de vez em quando...tínhamos o caldo entornado.
Tantas noites chorei por estar só, tantas perguntas sem resposta(naquela altura, à pouco tempo a minha mãe disse que eu era muito má)não é a opinião dos que me conheceram nem era a do meu pai ,nem eu me lembro...
...Quando comecei a ser mais crescidinha jurei a mim própria que iria sempre tentar saber ouvir e compreender os meus filhos (se os tivesse)sem violência.

Aqui temos o Pedrinho, a Maria Flauzina e por fim o Zé caracol o mais pequenino.



Xunandinha (continua...)

10 comentários:

angela disse...

As pessoas as vezes estão doentes e nem sabem disso e quem sofre é quem está por perto e indefeso. Sinto que tenha tido um começo de vida tão duro.
Beijos

Pelos caminhos da vida. disse...

Sinto muito Xunandinha.

Foi um prazer te receber Pelos Caminhos da VIda, espero seu retorno, obrigada.

beijooo.

José António disse...

A tua interrogação é de facto um ponto de interrogação maiúsculo...

Anónimo disse...

Olá!
Viemos convidar você para participar da nossa nova Postagem Coletiva.
Dessa vez, a nossa proposta é para que você dedique uma canção a quem você ama.
Use a criatividade e faça uma postagem da forma e do jeito que quiser.
Contamos com a sua presença!
Um abraço de toda a Equipe do Espaço Aberto

Bombom disse...

Querida Xunandinha! Há vidas muito difíceis e complicadas (tal como a minha)e no início, apanham-nos indefesas e frágeis. Obrigam-nos a criar mecanismos de defesa, mas também a ver o que está bem e o que está mal. Pelo que contas, dá a impressão que a tua Mãe sofria de depressão, ou qualquer desequilíbrio emocional, talvez ciúme. Talvez nem ela se tenha dado conta, mas se disse que tu eras má, algo toldou a sua razão e a levou a imaginar-te assim...
Felizmente que o sofrimento das nossas infâncias não nos tornou azedas nem mesquinhas! Graças a Deus! Antes nos fortaleceu e ajudou a compreender melhor o ponto de vista dos mais fracos e das Crianças. Bjs. Bombom

orvalho do ceu disse...

Olá, Xunandinha querida
É PRIMAVERA!!!
Novo tempo!!!
Tempo de cantar com as flores...
Aqui em minha cidade inauguraram uma floricultura... que gente mais original!!!
Sabe, amiga, ouvir música... cantar... me faz pulsar o coração também... Respiro e solto o ar... suspiro... sou feliz!!!
Entoando sempre uma melodia não há FELICIDADE que se acabe...
De repente me surpeendo cantalorando... quando estou em TEMPO TRANQUILO...
Se não, as lágrimas embalam minha piedosa canção...
E agora, nesse tempo temos a presença majestosa das flores...
Um grande abraço primaveril.
Bjs floridos.
Muita inspiração para escrever suas lindas histórias...

Eu disse...

Compreender o próximo é uma forma ter uma vida mais feliz e equilibrada.
As vezes não entendemos certas atitudes, mas ao nos colocarmos no lugar do outro percebemos as suas dificuldades e passamos a entender determinadas atitudes.

Voltarei para saber mais sobre a história.
Beijos

Mari Amorim disse...

Olá querida,
Há coisas que não entendemos muito bem,mas estou tb participando da coletiva do espaço aberto.
Voltarei
Boas energias e dias felizes sem medidas
Mari

APO (Bem-Trapilho) disse...

tudo tem um lado positivo na vida, amiga. As fases mais duras são as que nos ensinam mais, embora por vezes não compreendamos pk têm de ser tao duras. mas enfim, é como as coisas são, não as podemos mudar. mas podemos tirar o melhor partido delas.
um bjo grande, minha linda!

Irene Moreira disse...

Depois volto para ler a parte 1 e vim ness. EStou no trbalho e não dá para ficar muito tempo no PC.
Beijos